Para Susan Redline, investigadora que se debruça sobre estas questões, existe uma ligação entre a privação do sono e o desenvolvimento de perturbações do foro psíquico, como a ansiedade e a depressão bipolar.
Para além desta ligação, refere que se uma pessoa força, regularmente, o seu corpo para se manter acordado durante toda a noite, tal pode afectar a pressão arterial e os seus níveis de inflamação, o que pode conduzir a um aumento do risco de doenças cardiovasculares, bem como de doenças cancerígenas.
Fazer “directas” é ainda associado, por Susan Redline, ao aumento do risco de desenvolvimento de obesidade e de diabetes. Todos estes problemas de saúde tornam-se ainda mais graves se pensarmos que, nestas “directas”, o recurso excessivo a cafeína é mais um factor de risco.
Uma investigação recente realizada pela Universidade de Havard e de Berkeley encontra uma ligação entre os alunos que fazem “directas” com estados de euforia temporária, que é impulsionada pela dopamina. Níveis muito elevados de dopamina, que resultam de uma noite mal dormida, podem conduzir a um aumento de motivação, positividade e desejo sexual. Apesar de parecer que este efeito é positivo, a investigação realizada refere alguns aspectos negativos.
O aumento da dopamina também pode conduzir à adopção de comportamentos de risco, nomeadamente comportamentos impulsivos e relacionados com o vício. A privação de sono diminui a actividade das regiões do cérebro que são responsáveis pelo planeamento e avaliação de decisões; ao se encontrar motivado e muito optimista, o aluno pode ser impelido a assumir diversos riscos, sem analisá-los conscientemente.
Assim se pode concluir que ficar acordado a noite inteira para estudar, regularmente, poderá não contribuir de forma positiva para o bom desempenho académico. Aliás, é durante uma boa noite de sono que se consolidam conhecimentos e experiências, criando-se memórias – se não se dorme, como se consolida então a aprendizagem?
Que alternativas existem? Primeiro, aconselha-se que o estudante aprenda a gerir o seu tempo, para que haja espaço quer para os estudos como para o lazer. Encontrar-se bem consigo próprio, desenvolvendo actividades prazerosas, irá aumentar a motivação e a dedicação académica. Depois, é necessário que o estudante encontre o seu próprio método de estudo: «bastará ler? Será necessário fazer esquemas? Como funciona se eu ler em voz alta? E será que compreendo melhor a matéria se alguém me explicar? Ou se for ao contrário, se for eu a explicar a outra pessoa?».
Experimentando diferentes formas de estudar, o aluno poderá entender em qual se sente mais confortável e na qual obtém mais sucesso académico. Por fim, aconselha-se que se vá estudando ao longo do ano, sempre de forma repartida, para evitar picos de estudo intensivo, uma vez que se compreende que as “directas” e outros métodos de estudo que impliquem concentração e atenção durante muitas horas seguidas, podem não acarretar bons resultados – quer académicos, como de saúde.
Fonte: The Guardian