Um estudo recente indica que, apesar de reconhecermos a mudança que ocorre com o tempo, existe a tendência para acreditarmos que daqui a dez anos seremos a mesma pessoa que somos hoje. Os investigadores afirmam que, independentemente da idade, tendemos a agir como se a nossa história pessoal tivesse terminado, não havendo espaço para nos imaginarmos a evoluir e a mudar – como se o tempo nos tivesse parado. No entanto, este estudo publicado na revista Science vem tentar compreender esta vivência (que parece querer-se subtil) da mudança interna ao longo do tempo.
Através da análise de questionários de cerca de 19 000 participantes, os investigadores compararam as respostas do futuro (como se imagina daqui a dez anos?) com as respostas sobre o passado (como era há dez anos atrás?), percebendo que quanto mais avançavam as idades, maior eram os reparos às mudanças na última década; e que quanto mais novos eram os participantes, menores as expectativas de mudança no futuro.
Esta análise de dados levou a que os pesquisadores concluíssem que até somos bons a analisar e a reconhecer as mudanças no nosso passado, mas que somos terríveis a pensar e a imaginar as mudanças no futuro.
Os investigadores tentaram compreender este fenómeno e apontam duas possíveis causas: uma prende-se com o facto de podermos achar reconfortante acreditar que nos conhecemos e que, desta forma, o futuro poderá tornar-se mais previsível e o presente mais permanente; outra causa relaciona-se com a maior dificuldade em imaginar o futuro, parecendo ser mais fácil lembrar o passado.
Os investigadores alertam, também, para o facto de que não compreendermos determinados aspectos do nosso modo de estar pode conduzir-nos à crença de que não será possível mudá-los ou melhorá-los no futuro. Esta crença errônea pode ter consequências menos positivas nas nossas escolhas de vida, de casamentos, de famílias, de carreiras, de viagens, etc… tendencialmente, fazemos as nossas escolhas baseando-nos no facto de que, daqui a dez ou mais anos, estaremos e seremos iguais e que, por isso, iremos continuar a gostar das mesmas pessoas e das diferentes actividades que escolhemos fazer hoje.
É necessário termos a consciência de que o passar do tempo poderá levar-nos a mudanças internas. Neste sentido, o estudo indica que quanto mais velhos somos, menos propensos à mudança nos tornamos mas mais conscientes ficamos. Este nível de consciência permite-nos optar e tomar decisões de modo mais ponderado.
E embora o ditado popular nos alerte que “burro velho não aprende novas línguas”, os investigadores apontam que, enquanto velhos, ainda podemos pensar mudar-nos no futuro, pois, pelos vistos, estamos sempre a mudar e é possível, quando formos velhos, mudarmos mais do que alguma vez podemos pensar.
Neste início de novo ano, desafiamo-lo a pensar: como será a sua vida daqui a dez anos? Quais as mudanças que terá na sua vida? Acreditar em si mesmo poderá revelar o seu potencial; o futuro reserva muitas surpresas e a mudança é uma constante na nossa vida. Se é para mudar para melhor, então porque não?