Um momento que, grande parte das pessoas, sempre esperou. Um momento que proporciona união entre o casal e entre o casal e a família mais próxima. Um momento de bem-estar e felicidade.
Porém, esta felicidade faz-se acompanhar por algumas mudanças físicas e psicológicas que, se a futura mãe souber quais são, poderá sentir-se mais tranquila e menos ansiosa ao longo do processo de gravidez. De realçar que nem todas as mulheres desenvolvem estas mudanças e que, para uma grande parte das futuras mamãs, o processo de gravidez é conduzido com tranquilidade e serenidade, sem muitos sobressaltos nem alterações psíquicas.
No entanto, neste artigo, iremos apenas focar-nos nas eventuais problemáticas que podem surgir, para assim dar nome às inquietações que, por vezes, surgem silenciadas no processo de gravidez.
Logo nos primeiros três meses, podem surgir algumas problemáticas psicológicas que se prendem, na sua maioria, com a questão da ansiedade. Trata-se de um momento delicado, pautado pelo receio de se perder a criança, de se diagnosticarem doenças, de não ser o bebé “ideal”. Estes receios e inseguranças, se não forem contidos, podem dar lugar a problemas de ansiedade permanente, prejudicando o desenvolvimento saudável do bebé.
Ao entrar no segundo trimestre, a futura mãe poderá enfrentar algumas mudanças significativas ao nível da auto-estima e auto-imagem. Naturalmente, começa-se a ganhar algum peso e a mudar-se, ligeiramente, o aspecto físico. Algumas mulheres podem sentir-se menos atraentes e menos bonitas, desenvolvendo perturbações do foro da auto-estima.
É necessário que a rede de suporte social em redor da grávida compreenda estes sentimentos e a apoie, para que a futura mãe consiga superar estas questões. Poderá, ainda, desenvolver-se problemáticas ligadas ao stresse, principalmente pelo movimento da mulher tentar preencher o tempo ao máximo, para dar pouco espaço aos pensamentos sobre si; ou então, poderá desencadear-se crises depressivas, ligadas à incapacidade de lidar com um novo ciclo de mudança de vida.
No terceiro e último trimestre, a futura mãe poderá começar a sentir medo e ansiedade novamente, mas com uma problemática ligeiramente diferente da que surge no início da gravidez. Nesta altura, a mãe já não receia tanto a perda do bebé, mas sim a sua chegada.
Como será o trabalho de parto? Será parto natural ou cesariana? Será necessário recorrer aos fórceps? Como será o momento do nascimento? Como serão os minutos antes e após a criança nascer? Será que o bebé sobrevive ao parto? E eu, vou sobreviver ao parto? Como serei enquanto mãe? Serei capaz de ser uma boa mãe? Como será a personalidade da criança? Serei capaz de cuidar do meu filho?
Todas estas preocupações revelam pensamentos de autopunição, numa ambivalência entre querer dar à luz, para ver a criança e tê-la nos braços e querer prolongar o parto, para se sentir verdadeiramente preparada.
É bastante importante que estas questões de auto-imagem, auto-estima, fobias, medos e ansiedades sejam acompanhadas por um especialista do âmbito da psicologia.
A excessiva ansiedade, aliada à incapacidade de lidar com a mesma, poderá desencadear uma crise, revelada em sintomas físicos como diarreia, aumento excessivo de peso, vulnerabilidade imunitária (desencadeando constipações, por exemplo), intensificação das câimbras, crises de hipertensão, entre outros. A consequência mais grave desta crise de ansiedade é o parto prematuro, que poderá funcionar como defesa contra a possibilidade da ansiedade levar a uma destruturação psicológica.
Todos estes sintomas podem estar relacionados com a angústia de não saber o que fazer, como vai ser, o que vai acontecer. Por isso, o acompanhamento psicológico permite à futura mãe verbalizar a sua ansiedade, diminuindo a angústia e tranquilizando-se.