Neste artigo, propomo-nos a explorar as sugestões do professor de Psicologia Daniel Willingham, da Universidade de Virginia, apresentando dez dicas para tornar o estudo mais eficaz.
1. Sublinhados: Sublinhar os livros, os artigos e outros textos de suporte ao estudo pode ter resultado ao longo do percurso académico; porém, no estudo universitário, poderá não ser suficiente. Para o estudante se lembrar, de facto, das informações mais importantes, é necessário que ele se envolva com a matéria, procurando o significado do que está a ler.
Sugere-se que o aluno procure estratégias mais activas para se envolver com a informação, como tomar notas importantes e reflectir sobre o significado daquela informação no contexto mais geral da matéria. Perguntar, simplesmente, “porquê?” no fim de cada bloco de informação poderá ser o suficiente para o lembrar, de forma mais significativa.
2. Época de exames: as famosas “directas”, nas épocas de exames, apenas diminuem a capacidade de memorizar conceitos e dificultam a recuperação, a médio e longo prazo, dos mesmos. Noites em claro podem conduzir à diminuição do rendimento no dia seguinte, uma vez que uma boa noite de sono permite melhorar a capacidade cerebral de recordar informação. Por isso, sugere-se a leitura da matéria no decorrer do semestre, dividindo o estudo ao longo de várias semanas.
3. Alimentação pouco saudável: não é incomum para os alunos universitários saltarem horas de refeição, na maior parte das vezes porque não se tem tempo. E depois é encontrar, grande parte dos mesmos, em frente das máquinas de venda automática de comida, ao fim da noite, a ingerir muitas calorias condensadas em pequenos pacotes. Estes alimentos ricos em gordura e calorias não proporcionam, ao contrário do que se pensa, maior rendimento e energia. Este tipo de alimentação pode, até, prejudicar o rendimento cerebral, pelo que se aconselha a manter-se uma alimentação saudável, para melhorar a capacidade de aprendizagem e de memória.
4. Tarefas múltiplas: é comum os estudantes universitários orgulharem-se da sua capacidade em responder a diferentes e variadas tarefas de uma só vez. É normal ouvi-los dizer que, enquanto estudam, conseguem ver o e-mail, observar o feed de notícias do facebook, ver por alto o filme que está a dar na televisão e, ainda, estar atento à música que passa na rádio. Porém, estão possivelmente enganados, uma vez que cada tarefa implica uma operação mental, e cada operação mental implica tempo e espaço para consolidar e para se ir alternando com outras. Assim, sugere-se que, no tempo de estudo, se reduza o contacto com a internet, televisão, rádio e telemóveis.
5. Assumir que se lembra de tudo o que se leu: apesar de pensarmos que sim, nem sempre é fácil avaliar se conseguimos ou não entender toda a informação lida. De modo a avaliar se estudou ou não o suficiente para o seu exame, experimente explicar a matéria a outra pessoa ou, até, criar um exame para si próprio. Fazer perguntas aos colegas, numa espécie de “quizz” também é um bom método de estudo, pois trata-se de uma avaliação mais realista sobre o que o estudante sabe e permite o lugar à criatividade, na tentativa de se colocar no papel do professor e pensar sobre o que ele pode ou não querer perguntar sobre a matéria.
6. Falta de exercício físico: deixar o exercício físico em prol do estudo até pode parecer, numa primeira instância, um bom hábito. No entanto, a investigação mostra que é contraproducente. O exercício físico aumenta o fluxo sanguíneo para o hipocampo, melhora a capacidade mnésica e diminui os níveis de stress. Pode não ser necessário fazer um circuito completo de exercício físico; por vezes, basta dez minutos de intervalo no estudo, para correr ou caminhar em redor do local onde se está, para fazer a diferença.
7. Perfeccionismo: os estudantes universitários apresentam, geralmente, elevados níveis de exigência para consigo próprios, esquecendo-se, por vezes, que são estudantes e que não podem esperar saber tudo sobre tudo. As suas auto-expectativas elevadas e a busca pelo perfeccionismo podem conduzir à perda de momentos de aprendizagem importantes para o desenvolvimento pessoal e social. Assim, aconselha-se a priorizar as tarefas e a estabelecer objectivos menos ambiciosos, não colocando de lado os momentos de lazer fundamentais para o crescimento saudável.
8. Ausência de pausas: Por vezes, os estudantes pensam que não podem parar (nem para comer e nem para dormir), tamanha é a pressão dos estudos e dos trabalhos académicos. Porém, várias pesquisas indicam que fazer pausas curtas, entre as horas de estudo e até fazer pausas maiores, como tirar férias, permite recarregar baterias e melhorar o rendimento académico. De qualquer das formas, estes momentos de pausa têm de ser percebidos, pelos alunos, como uma mais-valia para a sua produtividade; enquanto forem vividos com culpa e ansiedade, pouco efeito terão.
Apesar de estudar ser uma das tarefas mais importantes no meio universitário, também é muito importante que os alunos saibam gerir os métodos de estudo, para se ter tempo e lugar quer para as tarefas académicas como para os momentos de convívio e lazer. Acima de tudo, é fundamental que cada um esteja atento a si próprio, percebendo os seus sinais e o seu ritmo, para assim estar bem quer a nível académico como a nível social e pessoal.
Fonte: APA