O sofrimento psíquico não é apenas uma experiência individual, mas também um reflexo das marcas que a sociedade imprime em cada um de nós. O estigma na saúde mental opera como um mecanismo de exclusão, levando-nos a criar barreiras invisíveis, mas profundamente enraizadas, que dificultam o reconhecimento da dor emocional e o acesso ao cuidado.
Desde Freud, sabemos que os conflitos entre os desejos internos e as normas sociais são inevitáveis, e que a forma como a sociedade lida com o sofrimento psicológico pode reforçar sentimentos de inadequação e vergonha. O medo do julgamento pode levar-nos a silenciar as nossas angústias, a negá-las ou a escondê-las, perpetuando um ciclo de sofrimento solitário.
Quando o estigma se torna parte da identidade — quando nos convencemos de que “sou fraco”, “o que sinto é errado” ou “deveria ser capaz de lidar sozinho com isto” —, acabamos por internalizar essa rejeição e afastamo-nos ainda mais da possibilidade de transformação psíquica. Criamos barreiras internas que impedem a procura de ajuda, dificultando o próprio processo de elaboração e simbolização do sofrimento.
A psicoterapia psicanalítica surge como um espaço de escuta livre, sem julgamentos, onde as dores podem ser nomeadas, compreendidas e integradas, em vez de reprimidas ou negadas. Romper com o estigma não é apenas um acto individual, mas um movimento relacional: acontece no encontro com o outro, no olhar que acolhe, na escuta que valida, no espaço onde o inconsciente pode finalmente falar.
Cuidar da saúde mental não é um sinal de fraqueza, mas de coragem. A psicoterapia não se reduz a um tratamento — é um caminho de descoberta, de reconstrução e de encontro consigo mesmo, para além dos rótulos e das imposições sociais.
Caminhamos juntos?

