Parece ser mais comum do que pensamos depararmo-nos com alguém que esteja sempre a contar as calorias, seja viciada em alimentos “light”, tenha ingressado em dietas malucas e expresse pensamentos como “estou tão gorda” quando, na verdade, está muito magra.

Tudo isto são pequenos sinais para uma possível perturbação alimentar.

As perturbações alimentares, nomeadamente a anorexia e a bulimia, são problemáticas psicológicas que reflectem um conjunto de hábitos alimentares desequilibrados e atitudes desadequadas sobre a alimentação, o peso e o corpo. Acima de tudo, uma perturbação alimentar reflecte o modo como a pessoa se relaciona com a comida: pode recusar comer; pode comer muito; ou pode comer e depois induzir o vómito.

Geralmente, estas perturbações começam a formar-se no início da adolescência, tornando-se mais graves e mais perceptíveis no fim da mesma e na entrada da vida adulta, podendo afectar pessoas de qualquer condição social e cultural, de qualquer escolaridade e de ambos os géneros sexuais.

É de extrema importância que os pais, os professores e os amigos estejam atentos a determinados comportamentos e atitudes, aconselhando e encaminhando a pessoa em causa para um serviço especializado, de modo a que esta problemática não se transforme num leque de consequências graves para a vida adulta. Quanto mais precocemente se actuar, menores poderão ser as consequências futuras.

Então, quais são os primeiros sinais de alerta?

– Insatisfação com o seu próprio corpo, normalmente acompanhada por uma distorção da percepção da imagem corporal (a pessoa acha que está gorda quando, na verdade, está magra, não reconhecendo o seu verdadeiro peso);

– Descontrolo na ingestão de alimentos, manifestando-se numa radical perda de peso ou num brusco aumento do peso (em alguns casos, uma flutuação entre ambas as situações);

– Práticas de controlo de peso pouco saudáveis, como não comer praticamente nada durante o dia todo ou comer demasiado e induzir o vómito;

– Recusa em participar nas refeições conjuntas (dizer que não quer comer naquele momento, que come mais tarde ou, quando fica na refeição, come só pequenas quantidades);

– Obsessão pela alimentação “light”, bem como pela contagem das calorias de cada alimento;

– Recurso abusivo a laxantes e diuréticos, sem supervisão médica adequada;

– Prática excessiva de exercício físico;

– Comportamentos pautados pela agressividade e pelo isolamento social;

– Desaparecimento da menstruação (nas raparigas) e a perda de erecção (nos rapazes).

Normalmente, as pessoas que sofrem de perturbações alimentares não admitem que podem estar a passar por uma fase complicada, tentando esconder, ao máximo, os comportamentos nocivos. É necessário existir um esforço de compreensão por parte da família e amigos, para que as pessoas sintam que estão seguras para partilhar as dificuldades inerentes a esta problemática. Não hesite em procurar ajuda, para si ou para alguém que conheça.

Andreia Cavaca

Andreia Cavaca

Directora Clínica | Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta
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"Geralmente, estas perturbações começam a formar-se no início da adolescência, tornando-se mais graves e mais perceptíveis no fim da mesma e na entrada da vida adulta, podendo afectar pessoas de qualquer condição social e cultural, de qualquer escolaridade e de ambos os géneros sexuais."