Ao longo dos anos, a importância do trabalho tem vindo a alterar-se, sendo que hoje a influência do trabalho no dia-a-dia tornou-se mais relevante. Com o evoluir das novas tecnologias, é possível continuar a trabalhar fora do local de trabalho, respondendo ao e-mail ou recebendo chamadas, ou seja, continua-se a trabalhar em casa, continua-se a trabalhar nas férias.
Surge, então, o desafio: como conseguir equilibrar as férias com a família e com o trabalho? Serão férias se levar o trabalho consigo? Como reage a família com a ida de mais um elemento para as tão esperadas férias?
É um facto que cada vez mais o trabalho influi na vida pessoal de cada um, ao chegar a casa no final do dia, durante os fins-de-semana, feriados e até nas férias. Como se o horário de trabalho fosse alargado de 8 horas para 24 horas. A vida pessoal e familiar é perturbada e passamos muitas vezes a ouvir falar do “stress” relacionado com as exigências laborais. Estaremos, então, a ser mais produtivos? Qual será o preço a pagar por esta falta de limites?
O avanço tecnológico trouxe-nos, incontestavelmente, um aumento da qualidade de vida. Hoje podemos facilmente comunicar uns com os outros e aceder quase instantaneamente à informação. No entanto, para conseguir garantir a qualidade do tempo que passa em casa, com a sua família e amigos, pode ser necessário desconectar, desligar o telemóvel ou, pelo menos, a internet.
O aumento dos níveis de stress pode desencadear comportamentos menos saudáveis (fumar, comer demasiado, consumo de bebidas alcoólicas) como forma de lidar com a ansiedade, o que a longo termo pode dar origens a sérios problemas de saúde.
Segundo a APA, as pessoas que manifestam níveis de stress elevado parecem ser mais propensas a comer fast food, evitar o exercício e a consumir drogas ou álcool. Através da investigação, sabemos também que o aumento das exigências laborais e, consequentemente, os níveis de stress associados ao trabalho acarretam custos relacionados com o absentismo, falta de concentração e, em última instância, com a baixa médica.
No geral, ficamos todos a perder, como podemos então lidar com o stress originado pelo trabalho?
A APA deixa-nos algumas sugestões:
Conheça-se bem! Esteja atento ao seu nível de stress e perceba quais as situações que o podem deixar mais stressado. Apesar de que o stress seja sempre experienciado por cada um de forma diferente, existem algumas manifestações comuns, como dificuldade de concentração, dificuldade na tomada de decisões, sentir-se zangado, perda de controlo, irritabilidade e manifestações físicas (dores de cabeça, tensão muscular ou falta de energia). Aprenda a reconhecer os seus sinais, uma vez que a tomada de consciência é o primeiro passo a caminho da mudança.
Reconheça como lida com o stress! Será que adopta comportamentos menos saudáveis (fumar, bebidas alcoólicas, má alimentação) como forma de lidar com o stress? Será que perde facilmente a paciência com os seus filhos, companheiro/a ou colegas de trabalho quando se sente sobrecarregado com a pressão do trabalho?
Aprenda a desligar-se tecnologicamente e a conectar-se com os outros à sua volta. Como já referimos anteriormente, a tecnologia possibilita o nosso próprio desenvolvimento, sobretudo a nível laboral, mas pode ser prejudicial quando invade o tempo em família, a hora das refeições e as férias. Estabeleça regras para si próprio, como desligar o telemóvel quando chega a casa, ou estabelecer horários específicos para responder às chamadas ou e-mails. É importante comunicar aos outros as suas regras, para que possam ajustar as expectativas em relação a si e à sua colaboração. Permita que a tecnologia seja uma ferramenta útil para si mas que não se torne uma dependência.
Faça uma lista de tarefas a realizar. Preocupa-se com a possibilidade de esquecer algo? Está constantemente a pensar no que tem para fazer? Limpe a sua mente e ponha por escrito (em papel ou electronicamente) o que tem para fazer, crie uma lista de afazeres pessoais e afazeres profissionais e estabeleça-os por ordem de prioridade. Não só irá reduzir o risco de ficar algo esquecido como o ajudará a estar mais organizado e concentrado na tarefa que está a realizar.
Faça pequenos intervalos. Mantenha-se com energia e concentração fazendo pequenas pausas ao longo do dia para que possa esticar-se, respirar e libertar a tensão acumulada. Pequenos intervalos entre as tarefas podem ser muito eficazes para a sua produtividade, ajudando-o a sentir que completou uma tarefa antes de iniciar a seguinte. Faça intervalos de 10 a 15 minutos após algumas horas de trabalho para recarregar baterias e evite a tentação de trabalhar durante a hora de almoço. O facto de aumentar a produtividade, aquando a tarefa, irá compensar o tempo de pausa. Nem sempre o número de horas de trabalho é proporcional à qualidade de trabalho desenvolvido.
Procure estratégias saudáveis para gerir o stress. Não se esqueça que os comportamentos menos saudáveis adoptados a longo prazo podem ser muito difíceis de alterar. No entanto, não tente mudar abruptamente, procure mudar um comportamento de cada vez e se não conseguir sozinho não hesite em procurar ajuda especializada, como um psicólogo por exemplo. Mudar não é fácil, assim como alterar hábitos enraizados ao longo do tempo. Não seja demasiado exigente consigo próprio e procure respeitar o seu ritmo, sendo perfeitamente aceitável que procure ajuda para uma tarefa tão importante.
Cuide bem de si próprio. Faça uma boa alimentação, durma bem, beba muita água e pratique exercício físico. Procure garantir a sua saúde mental e física, faça férias regularmente e, apesar das dificuldades, procure ter tempo para si e para as suas actividades de lazer favoritas.
Procure ajuda de um profissional. Aceitar o apoio dos amigos e família pode ajudá-lo a melhorar a sua capacidade para lidar com o stress. No entanto, se continuar a sentir-se sobrecarregado e com dificuldade em lidar com o stress, pode ser útil falar com um psicólogo, que poderá a ajudá-lo a desenvolver estratégias mais saudáveis e mais adaptadas.
É importante não esquecer que, apesar de toda a evolução tecnológica, não somos máquinas, somos ser humanos, somos falíveis e temos de respeitar os nossos limites. É fundamental estarmos atentos às nossas necessidades físicas e emocionais e mantermos em mente que há algo que a tecnologia não pode fazer por nós, o relacionamento com os outros. É imperativo ter tempo para cuidarmos de nós e para nos relacionarmos com os outros, com a família e os amigos, sendo esta uma das premissas fundamentais para uma boa qualidade de vida, a nível pessoal, familiar e laboral.
Fonte: APA