No entanto, a época festiva que nos faz reunir com a família e com os amigos terminou. Chegou a altura de voltar ao trabalho e à rotina do dia-a-dia. E, de facto, fazêmo-lo todos os anos, com mais ou menos preguiça, resistência ou nostalgia.
Se para nós, adultos, retomar o ritmo habitual pode ser um pouco difícil, o regresso à rotina diária pode tornar-se mais desafiante e incompreensível para as crianças.
Durante meses viveram com grande antecipação a chegada da tão adorada época, imaginaram os presentes que poderiam receber, as refeições elaboradas, as brincadeiras em família e a quebra, por alguns dias, dos horários e das regras.
Pode surgir a questão: porque não podemos estar de férias o ano todo? É importante relembrar às crianças que as épocas festivas voltarão a acontecer ano após ano e que só são tão especiais porque não acontecem sempre. Mas, é também importante permitir que as crianças experienciem estes sentimentos, que se sintam tristes e que possam aprender a lidar com a desilusão e com a frustração, só assim se poderão tornar mais resilientes.
De uma forma mais prática, os pais podem ajudar as crianças a lidar com estes sentimentos mostrando-lhes o calendário onde se pode assinalar as épocas festivas que ocorrerão ao longo do ano, transmitindo-lhes o conhecimento, a capacidade de gerirem as expectativas e, sobretudo, a certeza de que os tão desejados momentos de festa voltarão a acontecer.
Enquanto que algumas crianças acabam por aceitar bem a retoma da rotina, outras podem manifestar birras e alguma resistência em acatar as instruções dos pais, o que pode revelar sentimentos de perda e de desamparo.
Como podem reagir os pais? Reconhecer, validar o que a criança está a sentir procurando proporcionar o apoio necessário. Permitir alguma flexibilidade nos horários, por exemplo, que a criança fique acordada mais 15 minutos para que possa estar com a família.
A proximidade familiar é mais notória na altura das férias, mas nada nos diz que não possa ser fomentada ao longo do ano. Introduzir na rotina noites de convívio familiar, como a “noite da pizza” ou “noite dos jogos” à sexta-feira, ou seja, pequenos simples momentos mas que reforçam a união e o sentimento familiar podem ser importantes marcos e contribuições para a estabilidade das suas crianças.
As crianças tendem a pensar de uma forma concreta e literal, pondo por vezes a tónica no tudo ou nada, mas o papel de educador passa por fomentar flexibilidade para que as crianças possam gradualmente lidar de forma construtiva com os obstáculos que forem surgindo ao longo da vida e que, mais tarde ou mais cedo, os pais deixam de conseguir controlar. É importante que percebam que na vida nem tudo é uma questão de preto e branco, mas sim que existe uma enorme variedade de sombras e degradés pelo meio.
Fonte: Today Moms