Para a maior parte das pessoas este cenário é extremamente familiar: um grupo de amigos sentado à mesa a partilhar uma refeição, histórias e ficando a par do que se passa na vida uns dos outros mas, por vezes, não necessariamente com as pessoas que estão fisicamente presentes.

Nos nossos dias é frequente encontrarmos, em cada mesa, telemóveis com as suas luzes a piscar, informando os seus proprietários que há novas informações para serem visualizadas. Sem darmos por isso, somos facilmente puxados para o mundo virtual, através de e-mails e fotos postadas nas redes sociais. Os telemóveis multifuncionais tornaram-se indespensáveis para a vida do dia-a-dia.

À primeira vista podemos concluir que os telemóveis facilitam as relações inter-pessoais, possibilitando a constante interacção social. No entanto, um estudo recente realizado pela Universidade de Essex, mostra-nos que a mera presença de um telemóvel pode interferir negativamente nas relações estabelecidas com as pessoas que nos são mais próximas.

Os investigadores pediram a duplas de pessoas que não se conheciam para discutirem algo interessante que se tivesse passado nas suas vidas no mês anterior. Numa das salas os participantes encontravam uma mesa, duas cadeiras e um bloco de notas em cima da mesa, na outra sala em vez de um bloco de notas encontrava-se um telemóvel.

Seguidamente os participantes respondiam a questionários acerca da qualidade da relação estabelecida, verificou-se que os participantes que estiveram na presença do telemóvel sentiram menos proximidade e reportaram uma inferior qualidade no que toca à relação estabelecida.

Para aprofundar a questão, os investigadores repetiram a experiência, mas desta vez era pedido que algumas duplas discutissem um tema casual e a outras um tema importante a nível pessoal.

Concluíram que a presença do telemóvel não afectou a qualidade da relação, a confiança e a empatia, nas duplas que discutiram o tema casual, mas encontraram diferenças significativas nas duplas que discutiram temas pessoais. Estes participantes referiram que se sentiram menos à vontade e menos empatia durante a interacção.

Assim, o facto de interagirmos com os outros sem a presença de um telemóvel parece proporcionar um maior sentimento de proximidade, conectividade, confiança e empatia, sendo estes sentimentos pilares para o estabelecimento e crescimento de uma relação.

Estudos anteriores referem que devido à interacção social, instrumental e de entretenimento que os telemóveis nos proporcionam, a nossa capacidade de focar no ambiente à nossa volta diminui, estejamos nós a conduzir, numa reunião de trabalho ou a conviver socialmente.

Estudos mais recentes sugerem também que a presença de um telemóvel relembra-nos as ínfimas possibilidades relacionais presentes nas nossas redes virtuais e que nos inibe a capacidade de conectar com as pessoas que se encontram fisicamente connosco, ficando reduzida a nossa consciência social.

É caso para pensarmos, estaremos cada vez mais ligados virtualmente e desconectados na vida real? Será possível encontrar um equilíbrio?

Fonte: Scientific American

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"Assim, o facto de interagirmos com os outros sem a presença de um telemóvel parece proporcionar um maior sentimento de proximidade, conectividade, confiança e empatia, sendo estes sentimentos pilares para o estabelecimento e crescimento de uma relação."