Este ponto final pode chegar sem aviso, pode chegar por conversa e premeditação, pode chegar porque não se suporta mais continuar. Em qualquer das situações, o fim é sempre difícil e parece ficar, inevitavelmente, um espaço vazio por preencher.
A vivência da ruptura traduz-se num sofrimento emocional, mas que poderá também ter expressão física. Muitas pessoas, aquando do fim, podem manifestar diversas sensações, como falta de ar e dores no peito.
Os hábitos de sono e de alimentação também poderão alterar-se. Toda a rotina fica diferente, afinal, já não temos ao nosso lado a pessoa que connosco partilhava o dia-a-dia. Se o quotidiano fica alterado, como podemos nós não ficar também?
O fim de uma relação assemelha-se a um período de luto: existe uma perda e, para além de podermos perder o interesse no mundo exterior, nas actividades que fazíamos antes com prazer (desde trabalho, estudos, tempos livres), o nosso pensamento pode ficar totalmente focado no nosso “ex” e na relação que tínhamos com ele.
Embora, no momento da separação, a dor seja imensa e sejamos invadidos pelo sentimento de que o mundo acabou, tal é natural. O processo de luto é inevitável e é fundamental que aconteça. Porém, é importante salientar que, embora seja fulcral, quando se prolonga muito no tempo, deixa de o ser e passa a ser preocupante.
Neste processo de luto podem ser vários os sentires: confusão e falta de compreensão, sobre os motivos que levaram à ruptura; tristeza e angústia, pelo fim da relação; raiva e ódio, normalmente voltados para o “ex”.
Após um período de afastamento, estes sentimentos costumam desvanecer e toda a energia que estava focada no outro e na relação com ele estabelecida, fica disponível para ser reinvestida em si. Então, neste momento, começa a existir espaço para se pensar e para se cuidar, de forma diferente.
Todos nós, quando pensamos em algo que nos pode trazer dor, tentamos evitar ao máximo passar pela situação. Ninguém gosta de sofrer. Porém, quando já estamos na situação, não vale a pena fugir. Ignorar, fingir que não aconteceu, não pensar sobre o que se sente, só irá piorar a situação e, um dia mais tarde, tudo isso que ficou por resolver no passado, poderá regressar com mais força e com menos espaço de compreensão.
Assim, é importante que se mentalize que tem de viver esta perda. Mas não o precisa de fazer com uma cruz às costas: existem dicas que podem ajuda-lo a ultrapassar a separação.
Expressar as emoções
Caso se trate de uma situação onde a separação pode ser falada e discutida, é importante que seja capaz de expressar tudo o que sente e sentiu ao longo do envolvimento. Evite tons acusatórios, não siga pelo caminho de “apontar o dedo”. Aproveite esta conversa para dizer o que sente e o que acha que poderia ter corrido melhor. Oiça, da mesma forma, o que o outro tem para lhe dizer. É fundamental que possa ser criada a oportunidade de crescimento, após a ruptura.
Na situação em que é apanhado desprevenido com a separação, não guarde nada dentro de si. Tem o direito de se expressar livremente e deitar cá para fora tudo o que lhe vai na alma, desde a frustração, a tristeza, a zanga, a desilusão.
Evitar o contacto
Ficar sem ver o seu “ex”, durante algum tempo, poderá ajuda-lo a ultrapassar esta fase. Com o distanciamento físico, sobressaí o antigo ditado popular: olhos que não vêm, coração que não sente. Afastar-se poderá permitir, também, alcançar outra perspectiva sobre a relação e sobre o outro e até criar uma certa distância emocional do tempo vivido em conjunto, bem como dos bons e dos maus momentos.
O afastamento não se quer apenas físico. Hoje em dia, com o proliferar das tecnologias e das redes sociais, o contacto pode manter-se também do ponto de vista virtual. Por isso, tente evitá-lo também. Deixe de ver o facebook do seu “ex” e evite navegar pelos perfis de quem publica no mural dele. Ficar preso em tudo isso só irá levá-lo a uma espiral de tristeza, de ciúmes, de zanga – e para quê, no fim de contas?
Aproveite o tempo de distanciamento para cultivar outro tipo de actividades, que por uma razão ou outra, possa ter deixado de lado. Desde ler um livro, passear num jardim, fazer exercício físico, sair com amigos, tudo isto pode apresentar-se mais benéfico do que ficar agarrado à internet a fazer “curtas e longas metragens” sobre o que vê e sobre o que não vê nas redes sociais.
Ao ocupar o seu tempo com outro tipo de actividades, ocupará também a sua mente – embora esteja sempre presente a perda, a mesma vai ficando cada vez mais ténue e será possível, então, deixar de pensar no outro para pensar mais em si.
Iniciar uma nova relação
Claramente, o tempo de recuperação de uma separação é relativo. Há quem leve muito tempo a recompor-se, há quem leve pouco. Apesar disto, é importante reflectir se se encontra preparado para iniciar uma nova relação (quando a possibilidade da mesma surgir).
Não se torna muito benéfico começar um novo namoro só porque necessita de colmatar um vazio, um lugar por preencher. Não estamos num jogo de futebol, pelo que não existem substituições – trocar um amor antigo por um novo, em grande parte dos casos, não resulta. Voltará a sair magoado e poderá magoar quem está ao seu lado.
Procurar psicoterapia
Embora não tenha concretizado o “felizes para sempre”, tal não implica que fique “triste para sempre”. Caso sinta que a sua tristeza permanece, a sua energia desvanece e parece estar perante um beco sem saída, é tempo de procurar um espaço seguro e de confiança, no qual possa abordar todos esses sentires e pensares.
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