Um grupo de investigadores liderado pela psicóloga Reut Gruber (Universidade de McGill) procurou aferir até que ponto as horas de sono interferem no comportamento e estado emocional da criança enquanto acordada. A investigação passou pela monitorização e controlo das horas de sono em crianças dos sete aos onze anos divididas em dois grupos, sendo que num dos grupos foi acrescentada uma hora de sono e no outro grupo foi retirada uma hora de sono.
A experiência decorreu ao longo de cinco noites consecutivas. Paralelamente, foi pedido aos professores das crianças participantes do estudo que, no final do dia de aulas, preenchessem um questionário que abrangia itens como a atenção, a impulsividade, a irritabilidade e a reacção emocional.
Segundo a autora do estudo, nenhuma das crianças se torna maluca ou um génio devido à quantidade de horas de sono, no entanto os resultados apontam para pequenas mudanças na qualidade emocional no dia-a-dia que são, de facto, muito significativas. Pelos vistos, umas horas a mais a ver um filme ou a jogar consola antes de dormir podem influenciar a capacidade de concentração nas aulas e a interacção com os colegas e professores.
O dormir pouco pode conduzir a uma diminuição da capacidade de aprendizagem e de assimilação de novos conhecimentos, o que por sua vez pode limitar a capacidade de inovação e criação. Surge ainda uma maior propensão para estados de irritação e frustração associados a um maior cansaço físico e mental, o que torna a aprendizagem ainda mais difícil.
Segundo investigações prévias efectuadas pelo mesmo grupo de investigadores, parece haver uma ligação entre o número de horas de sono e o diagnóstico da Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção.
No entanto, é sempre mais fácil recomendar do que realmente fazê-lo, nos dias de hoje e com as crescentes exigências do mundo laboral, os pais chegam cada vez mais tarde a casa, no entanto manter as crianças sob os mesmos horários que os adultos não parece ser a solução. As horas de sono são fundamentais para uma boa qualidade de vida de todos nós, especialmente para as crianças que precisam de dormir para crescer de forma saudável.
Em outros tempos, tínhamos o Vitinho ou os Patinhos para nos lembrarem que era a hora dos pequenos irem dormir, hoje em dia, num mundo aparentemente com menos lembretes das regras e dos limites, temos nós adultos que ser mais conscientes e zelar pela infância das futuras gerações, permitir que possam ser crianças para que um dia não custe tanto serem adultos.
Fonte: Time Healthland